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Nossas “Verdades”

Quando nos deparamos com algo “novo”, muitos de nós tomamos aquilo como uma “verdade” absoluta em suas vidas. Pode ser a dieta da moda, o best seller do ano, o filme do Oscar. Estamos usando aqui pequenos exemplos de como funcionamos diante desse mundo em que vivemos, onde buscamos muitas vezes a “verdade” superficial existente em conceitos, pessoas e pontos de vista.

Para ilustrarmos um pouco nossas percepções de uma única “verdade”, vamos apreciar o texto abaixo:

As Estações[1]

(Autor desconhecido)

Um homem tinha quarto filhos. Ele queria que seus filhos aprendessem a não julgar as coisas de modo apressado, por isso, ele mandou cada um viajar para observar uma pereira que estava plantada em um distante local.

O primeiro filho foi lá no Inverno, o segundo na Primavera, o terceiro no Verão e o quarto e mais jovem, no Outono.

Quando todos eles retornaram, ele os reuniu e pediu que cada um descrevesse o que tinha visto.

O primeiro filho disse que a árvore era feia, torta e retorcida.

O segundo filho disse que ela era recoberta de botões verdes e cheia de promessas.

O terceiro filho discordou. Disse que ela estava coberta de flores, que tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas, que ele arriscaria dizer que eram a coisa mais graciosa que ele tinha visto.

O último filho discordou de todos eles; ele disse que a árvore estava carregada e arqueada, cheia de frutas, vida e promessas...

O homem, então explicou a seus filhos que todos eles estavam certos, porque eles haviam visto apenas uma estação da vida da árvore...

Ele falou que não se pode julgar uma árvore, ou uma pessoa, por apenas uma estação, e que a essência de quem eles são e o prazer, a alegria e o amor que vêm daquela vida, podem ser medidos ao final, quando todas as estações estiverem completas.

Podemos observar que este pequeno texto, contém não só várias maneiras de se ver um ponto, mas também como cada um defende a sua visão com uma razão única.

Em nossas vidas somos assim também, viciados no automatismo que nos cega, muitos de nós preferem padronizar o que estão “vendo” de forma a facilitar sua compreensão ou até mesmo o sentimento a determinado assunto, criando em si mesmos a sua “verdade”. Outros ainda não conseguem ter a flexibilidade necessária para observar alternativas, e com isso se travam em conceitos fechados e paradigmas desnecessários.

Não paramos mais para nos aprofundarmos em assuntos de nosso interesse, em conhecer verdadeiramente pessoas, em aprender conceitos que nos façam bem. Preferimos a superficialidade das coisas. A busca por um caminho fácil ou pela “porta larga”, nossa “preguiça espiritual”, nos faz encarar que estamos sempre certos e o outro está errado, pois ele não “vê” o que estamos “vendo” ou não tem o mesmo “ponto de vista” que o nosso. Com esse pensamento, nos enganamos e estagnamos.

O texto nos mostra que cada um dos filhos encarou sua “visão” de um mesmo ponto como a sua “verdade” única, cada um a descreveu ao sabor de sua percepção e emoção. Porém, o pai, ao final, lhes incita a buscar a verdadeira “verdade”, aquela que não julga no primeiro momento, mas aquela que observa, experimenta e certifica. A “verdade” que um mesmo ponto, pode ter várias percepções e que cada uma delas está intimamente ligada àquele que a percebe. Essa “verdade”, para ser confirmada, precisa agrupar todos os outros “pontos de vista” numa visão do todo e com muito mais profundidade.

Busquemos em nossas jornadas pessoais, não julgar a nossa “verdade” como a única que basta, olhemos para a “verdade” do outro também. Questionemo-nos intimamente, procurando encontrar o ponto de equilíbrio necessário para que possamos enxergar a verdadeira “verdade” e a partir dela pautar nossa forma de pensar, sentir e agir.

Uma excelente semana à todos.

Equipe CEIL – Recanto do Saber

[1] Noosfera, página 128.

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