“O homem comprando da sociedade o seu papel”.
A civilização humana deu salto quântico gigantesco em pouco mais de 50 anos.
Observamos a tecnologia evoluir de forma a tornar a vida neste planeta mais fácil. Porém com esse avanço vieram os excessos de toda a ordem, e observamos que atualmente estamos chegando num ponto crucial de nossa jornada terrena.
Chegamos num ponto que o instinto de conservação começa a aflorar novamente em nosso íntimo.
Na questão 702 do Livro dos Espíritos, Kardec questiona se o instinto de conservação é uma Lei da Natureza, e a espiritualidade responde:
Sem dúvida. Todos os seres vivos o possuem, qualquer que seja o seu grau de inteligência; nuns é puramente mecânico e noutros é racional. Kardec no século XIX já havia percebido que o homem quando acuado, pode utilizar-se do instinto natural de sobrevivência e conservação.
Observamos que a espiritualidade é categórica em dizer que esse instinto se manifesta de forma automática ou mais racional e, poderíamos fazer um adendo aqui, e incluir a questão emocional também como uma das manifestações desse instinto, certo apego à vida e ao que a rodeia.
Os excessos ocorrem diariamente, nas pequenas escolhas do dia a dia, no alimento que colocamos em nossa mesa no café da manhã, no tipo de transporte que utilizamos para nos deslocar para nossas atividades diárias, no lixo que descartamos, nos eletrônicos que utilizamos, enfim, são inúmeros os exemplos de elementos que compõe a nossa rotina diária e que foram feitos com recursos retirados da natureza, que poderíamos discorrer por horas vários exemplos, mas o intuito aqui é despertar. Conscientizar-nos que vivemos em um mundo material e que da matéria retiramos o que nos é necessário, porém, da mesma matéria retiramos o que nos é supérfluo e exagerado em muitos casos.
Vejamos a questão 716 do Livro dos Espíritos:
A Natureza não traçou o limite do necessário em nossa própria organização?
Sim, mas o homem é insaciável. A Natureza traçou limites de suas necessidades na sua organização, mas os vícios alteraram a sua constituição e criaram para ele necessidades artificiais.
Observamos que a espiritualidade novamente dá o tom a Kardec, informando que o homem recebe o que lhe é preciso e pode retirar da natureza o suficiente para suas necessidades, porém, o homem no seu egoísmo e ambição, cria necessidades para que possa consumir mais recursos que os necessários.
Nossa sociedade vive esse dilema, consome muito e, sem pensar no amanhã e muito menos no mundo que deseja deixar para as próximas gerações – e que nos inclui, já as próximas gerações podem ser nossa própria reencarnação. Somos seres ditos racionais, pois sabemos que pensamos, mas em contrapartida somos “crianças mimadas” aguardando um “prêmio” por “mau comportamento”, nos portamos de forma desordeira e mesquinha em muitos casos, elevando o nível de consciência terreno a quase nada.
Observemos nossos desejos e vontades, como eles realmente são, deixemos de lado os excessos e vivamos de maneira mais frugal. Não somos donos deste planeta, ele nos foi confiado quando aqui chegamos, nossa responsabilidade é cuidar dele da melhor forma possível, prover nosso sustento, mas prover também a sustentabilidade e conservação dos recursos que utilizamos. Evitar os excessos de toda ordem, nesse caso não só material, mas emocional e intelectual também. Buscar nas pequenas atitudes do dia a dia o equilíbrio e a segurança de coexistirmos.
Lembremos que há muitas moradas na Casa do Pai, mas que essa morada aqui, nos foi confiada e seremos cobrados por isso.
Com votos de uma semana mais consciente do mundo e de nós mesmos.
Equipe CEIL Recanto do Saber.
Referência: O livro dos Espíritos - Allan Kardec