Perdoar para seguir em frente
“Perdoar não é esquecer: isso é amnésia. Perdoar é se lembrar sem se ferir e sem sofrer: Isso é cura. Por isso é uma decisão, não um sofrimento”. (autor desconhecido)
Muitos de nós já nos sentimos magoados ou ressentidos com alguém em determinado momento ou situação de nossas vidas. Possivelmente o sentimento vivenciado foi de dor e/ou humilhação, estabelecendo uma mágoa profunda e uma prisão emocional que dilacera os neurônios e válvulas cardiovasculares. É aceitável que logo após um sentimento doloroso, possa surgir uma raiva contida e um desejo de prazer advindo por meio de vingança ou desvalorização com o que ou quem causou o ferimento (mágoa).
Cientistas apontam que tanto o perdão como a vingança ativam as mesmas estruturas neurais, responsáveis por sentimentos como: empatia, choro, desejo por bater, humilhar o outro, travamento ou rangimento da mandíbula e até mesmo pensamentos homicidas e/ou suicidas (para tentar aliviar ou eliminar a dor). Ou seja, elas ocorrem no mesmo local do cérebro, na amígdala cerebral, porém de formas distintas.
A amígdala cerebral é ativada quando as glândulas adrenais (que encontram-se no topo dos nossos rins) liberam o cortisol, um hormônio do stress e da atividade em nossa corrente sanguínea, fazendo com que nosso cérebro libere os neurotransmissores que irão preparar ou impulsionar nosso corpo para ação, tanto de fuga como para perceber o tamanho da dor que estamos sentindo, aumentando nossa pressão arterial e os batimentos cardíacos.
Quando nos negamos a perdoar ou ficamos remoendo a mágoa e a raiva por tempo prolongado, não só ficamos prisioneiros da nossa própria dor como mantemos nosso corpo e nosso cérebro em estado de alerta, o que acaba danificando nosso metabolismo e trazendo conseqüências e dores físicas indesejáveis.
Passamos a nos alimentar da dor, enxergamos o que há de negativo nos momentos, situações e pessoas, deixando sempre consciente o que foi vivenciado e intensificando a raiva contida. O sentimento de raiva e stress prolongados fazem com que a sensibilidade da nossa amígdala cerebral esteja sempre latente, deixando nosso campo emocional mais aberto, causando vitimizações e dores constantes (“tudo acontece apenas comigo, o meu problema é o maior, a minha dor não tem fim...”) tanto físicas como emocionais.
Muitas pessoas que demoram em perdoar desenvolvem doenças neurais como AVC’s, embolias cerebrais, perda dos sentidos neurais e cardiovasculares como infartos, hemorragias, tromboses, etc, por manter os batimentos sempre acelerados e exigindo muito dos sistemas que controlam todo nosso corpo.
Durante o processo de planejamento ou execução de uma vingança acabamos sentindo um enorme prazer, felicidade repentina ou aliviados devido a produção de dopamina (neurotransmissor do prazer) a qual, uma vez secretada pelo organismo faz com que nos sintamos contentes ao ver algo ruim acontecendo com quem nos feriu. Porém esse neurotransmissor também é acionado quando conseguimos perdoar ou sentir algo “bom” por alguém ou em alguma situação.
A diferença está em como vamos acionar nossa amígdala cerebral, para compreender o sentimento e a dor ou para partir para a atividade impulsionada pela raiva.
E é nesse momento que precisamos entender que perdoar não é esquecer, mas sim compreender o que sentimos, o porque causou tanta dor, controlar a raiva e utilizar da atividade impregnada nela, para lutar contra os pensamentos negativos, que intensificam a dor emocional e física e que nos fazem ficar presos no tempo, aonde por mais que os anos continuem a passar, não conseguimos nos libertar e reconstruir nossa vida. Perdemos momentos valiosos, tratamos os outros com amarguras e rancores, buscamos nas medicações e doenças adquiridas as desculpas e atenção para nossas dores advindas da falta de perdão.
É dessa forma que perdemos várias encarnações, tentando perdoar ao invés de nos libertarmos por meio do amor que bombeia o perdão, por meio da compreensão das ações e da busca por viver sem dor, sem remorsos, ressentimentos e doenças.
Que possamos, aqui, nessa encarnação fazer valer os ensinamentos do nosso Cristo sobre perdoar tantas vezes o quanto se fizer necessário. Buscando ativar os campos neurais do perdão por meio das nossas escolhas, advindas do amor que liberta.
Uma semana de paz e de libertação!
Equipe CEIL - Recanto do Saber.