O melindre e o orgulho
Vamos começar com algumas definições:
Melindre: sentimento de vergonha; pudor, recato, escrúpulo. Disposição para se ressentir, se ofender (gerado por coisa insignificante); suscetibilidade.
Orgulho: sentimento de prazer, de grande satisfação com o próprio valor, com a própria honra. Pejorativamente depreciativo sentimento egoísta, admiração pelo próprio mérito, excesso de amor-próprio; arrogância, soberba.
Durante a vida somos presenteados com vários relacionamentos: amorosos, amistosos, familiares, profissionais e outros que talvez não tenham nominação adequada. E nos relacionamentos, demonstramos ou escondemos vários sentimentos.
Usamos todos os nossos sentimentos com intensidade variada em conformidade com o local e situação em que nos encontramos.
Da mesma forma escondemos o que sentimos conforme o tamanho do nosso melindre.
Vivemos atrás de máscaras. Mesmo os que se dizem sinceros, que aceitam críticas e que são o que são, têm suas maneiras de esconder o que realmente sentem.
O orgulho e o melindre estão tão inseridos em nós que nos custa percebê-los e reconhecê-los.
É difícil, muito difícil admitir que permitimos nos guiar por estes sentimentos.
Não queremos afirmar nem em pensamento, justificamos o que estamos sentindo para não admitir o quão estamos impregnados de melindre e orgulho.
E se não os identificamos, como podemos combatê-los?
A princípio, precisamos ter humildade e sinceridade conosco mesmos para avaliarmos nossos sentimentos mais íntimos, sem preconceitos, sem medos, olharmos pra dentro de nós e tentar entender de onde estão surgindo estes sentimentos e porque estamos nos permitindo senti-los.
Às vezes, nos ofendemos por sermos melindrosos e não porque há motivo.
Exemplo: Se nos arrumamos e não somos elogiados, ficamos melindrados com o companheiro (a), nos vitimizamos e nossa auto-estima é atingida por puro orgulho.
Isso é muito pequeno para acabar com nosso amor próprio, passar o dia em puro "azedume", só porque idealizamos algo que não aconteceu... e o companheiro (a) está sem entender o porquê do nosso mau humor.
Por que fazemos isso conosco e às pessoas a nossa volta? (Que, geralmente, são os que amamos)
Somos assim tão infantis em relação ao que sentimos?
É por sermos assim tão materializados?
Sofremos e fazemos aos que amamos, sofrer.
Precisamos melhorar, estamos doentes quando não equilibramos os sentimentos. Não iremos exterminar os sentimentos ruins. Temos que nos educar em relação ao que sentimos.
Os sentimentos ruins estão conosco para aprendermos a dominá-los e com isso nos tornarmos humildes, corajosos, fortes.
Buscando identificar a base dos sentimentos negativos, conseguiremos combater más tendências que são geradas no orgulho e no melindre.
Não podemos nos achar inferiores ou superiores aos outros, não podemos viver nos comparando. Somos únicos, com vivências únicas, todos teremos habilidades e inabilidades e é necessário que seja assim, ao passo que, se todos fossem muito bons em carpintaria e péssimos em agricultura, por exemplo, teríamos excelentes casas e morreríamos de fome.
Aceitando e respeitando as diferenças, nossas e dos outros, conseguiremos ter uma visão melhor em relação ao que nos acontece, entenderemos nossos sentimentos, poderemos assim contornar nossas dificuldades em aceitar críticas, iremos parar de justificar nossos erros e passaremos a viver sem ter que esconder o que sentimos, porque a segurança em admitir que nós podemos errar e não nos condenar por isso, nos deixa livres do melindre.
Estamos neste planeta para evoluirmos em todos os sentidos. Reconhecer nossas más inclinações e buscar torná-las boas, é um grande passo rumo ao melhoramento.
Com votos de reflexão e esforço em busca da evolução.
Equipe CEIL Recanto do Saber.